Desde que conclui a leitura de Os Irmãos Karamázov, de Dostoiévisk, senti-me impelido em deixar aqui no Cunhão algumas impressões acerca desta obra de grande magnitude para a literatura internacional.
Vários enfoques poderiam ser dados: o parricídio (morte de Fiódor Karamázov por um dos seus filhos); a santidade de Aliócha e seu imbuído e precoce amor ao ser humano; ou a erudição de Ivan nos campos da história, filosofia, literatura e religião. Vou restringir todo o arcabouço do livro e considerar aqui, nesta postagem, apenas uma das facetas do pensamento de Ivan Karamázov: o amor ao próximo.
Num dos diálogos quilométricos (característica marcante de Dostoiévisk) mantido entre Aliócha e Ivan, este, num impulso de revolta, confessa não entender como se pode amar o próximo, pois, em sua visão, é justamente o próximo que não se pode amar, só os distantes é possível amar. A questão é saber se isso se deve à má qualidade das pessoas ou se essa é a sua própria natureza.
Jesus ao ver sua hora chegar, se despede dos discípulos deixando um mandamento novo: “...que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 15,34). E em outra passagem: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39).
Para o nosso relutante Ivan, o amor de Cristo pelos homens é, em seu gênero, um milagre impossível na terra. É verdade que Ele foi Deus. Mas nós não somos deuses.
Questão polêmica!
Compartilho aqui com os leitores, a título de ilustração, que nunca me senti tão amado por minha família, e nunca os amei tanto, como nesses últimos 4 anos em que me encontro distante, morando noutra cidade. Nunca hei de esquecer o retorno à casa paterna depois dos primeiro 4 meses de vida “fora do ninho”. Nunca esquecerei (sou saudosista deveras) o afetuoso abraço e o beijo no rosto dado pela Ceci, minha irmã, considerando que nunca fomos tão próximos assim ao ponto de nos tocarmos. Nunca esquecerei o entusiasmado “Ohhhhh meu fíííí” da dona Ivanilda ao me receber sob beijos com gosto de café e abraços impregnados de nicotina. E sem falar do alegre “Deus te abençoe” do seu Cristóvão ao me abraçar ternamente.
Será que para amar uma pessoa é preciso que ela esteja distante ou escondida? Será que se ela mostrar o rosto o amor declina ao ponto de mitigar? Por que é mais fácil amar quem tá distante? Vejam vocês se há aplicação nas vossas vidas. Concordando ou não, o pensamento foi lançado. Que os rios subterrâneos de nossos pensamentos nos levem ao porto seguro da compreensão.
Voltarei no próximo post, talvez com algo ruminado a partir destas realidades. A discussão não acaba aqui, pois amar nunca é demais, mas amar nunca, é demais!
Vários enfoques poderiam ser dados: o parricídio (morte de Fiódor Karamázov por um dos seus filhos); a santidade de Aliócha e seu imbuído e precoce amor ao ser humano; ou a erudição de Ivan nos campos da história, filosofia, literatura e religião. Vou restringir todo o arcabouço do livro e considerar aqui, nesta postagem, apenas uma das facetas do pensamento de Ivan Karamázov: o amor ao próximo.
Num dos diálogos quilométricos (característica marcante de Dostoiévisk) mantido entre Aliócha e Ivan, este, num impulso de revolta, confessa não entender como se pode amar o próximo, pois, em sua visão, é justamente o próximo que não se pode amar, só os distantes é possível amar. A questão é saber se isso se deve à má qualidade das pessoas ou se essa é a sua própria natureza.
Jesus ao ver sua hora chegar, se despede dos discípulos deixando um mandamento novo: “...que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 15,34). E em outra passagem: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39).
Para o nosso relutante Ivan, o amor de Cristo pelos homens é, em seu gênero, um milagre impossível na terra. É verdade que Ele foi Deus. Mas nós não somos deuses.
Questão polêmica!
Compartilho aqui com os leitores, a título de ilustração, que nunca me senti tão amado por minha família, e nunca os amei tanto, como nesses últimos 4 anos em que me encontro distante, morando noutra cidade. Nunca hei de esquecer o retorno à casa paterna depois dos primeiro 4 meses de vida “fora do ninho”. Nunca esquecerei (sou saudosista deveras) o afetuoso abraço e o beijo no rosto dado pela Ceci, minha irmã, considerando que nunca fomos tão próximos assim ao ponto de nos tocarmos. Nunca esquecerei o entusiasmado “Ohhhhh meu fíííí” da dona Ivanilda ao me receber sob beijos com gosto de café e abraços impregnados de nicotina. E sem falar do alegre “Deus te abençoe” do seu Cristóvão ao me abraçar ternamente.
Será que para amar uma pessoa é preciso que ela esteja distante ou escondida? Será que se ela mostrar o rosto o amor declina ao ponto de mitigar? Por que é mais fácil amar quem tá distante? Vejam vocês se há aplicação nas vossas vidas. Concordando ou não, o pensamento foi lançado. Que os rios subterrâneos de nossos pensamentos nos levem ao porto seguro da compreensão.
Voltarei no próximo post, talvez com algo ruminado a partir destas realidades. A discussão não acaba aqui, pois amar nunca é demais, mas amar nunca, é demais!