sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Clássicos da Literatura

As azáfamas da vida não deixa tempo para uma boa leitura? Vai se jogar no Ganges só por isso? Seus problemas acabaram! O Cunhão Trincado apresenta um resumo de alguns clássicos da literatura internacional para você aumentar sua cultura e ter o que botar na mesa na hora de discorrer sobre assuntos do gênero.
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Othelo
William Shakespeare (525 páginas)

Um rei otário, tremendo zé-roela, tem um amigo muito filho da puta que só pensa em fazê-lo de bobo. O malandro, não ganha um cargo no governo e resolve se vingar do rei, convencendo-o de que a rainha está dando pra outro. O zé mané acredita e mata a rainha. Depois descobre que não era corno, mas apenas muito burro por ter acreditado no traíra. Prende o cara e fica chorando sozinho. Fim.


Édipo-Rei

Sófocles (804 páginas)

Maluco tira uma onda, não ouve o que um ceguinho lhe diz e acaba matando o pai, comendo a mãe e furando os olhos. Por conta disso, séculos depois, surge a psicanálise que, enquanto mostra que você vai pelo mesmo caminho, lhe arranca os olhos de cara em cada consulta. Parada muito doida. Fim.

Hamlet
William Shakespeare (742 páginas)

Clássico! Um príncipe com insônia passeia pelas muralhas do castelo, quando o fantasma do pai lhe diz que foi morto pelo tio que dorme com a mãe, cujo homem de confiança é o pai da namorada, que, entretanto, se suicida ao saber que o príncipe matou o seu pai para se vingar do tio que tinha matado o pai do seu namorado e dormia com a mãe. O príncipe mata o tio que dorme com a mãe, depois de falar com uma caveira e morre assassinado pelo irmão da namorada, a mesma que era doida e que tinha se suicidado.
Fim.

Romeu e Julieta
William Shakespeare (425 página)

Dois adolescentes doidinhos se apaixonam, mas as famílias proíbem o namoro, as duas turmas saem na porrada, uma briga grande, muita gente se machuca. Então, um padre filho da mãe tem uma idéia idiota e os dois morrem depois de beber veneno, pensando que era sonífero.


Os Lusíadas
Luís de Camões (650 páginas)

Um poeta com insônia decide encher o saco do rei e contar-lhe uma história de marinheiros que, depois de alguns problemas (logo resolvidos por uma deusa super gente fina), ganham a maior boa vida numa ilha cheia de mulheres gostosas. Fim.


À La recherche du temps perdu
Marcel Proust (1600 páginas)

Um rapaz asmático sofre de insônia porque a mãe não lhe dá um beijinho de boa-noite. No dia seguinte (pág. 486 vol. I), come um bolo e escreve um livro. Nessa noite (pág.1344, vol.VI)‏ tem um ataque de asma porque a namorada (ou namorado?) se recusa a dar-lhe uns beijinhos. Tudo termina num baile (vol. VII) onde estão todos muito velhinhos - e pronto. Fim.

Guerra e Paz
Leon Tolstoi (1200 páginas)

Um rapaz não quer ir à guerra por estar apaixonado e por isso Napoleão invade Moscou. A mocinha casa-se com outro. Fim.

Madame Bovary
Gustave Flaubert (778 páginas)

Uma dona de casa mete o chifre no marido e transa com o padeiro, o leiteiro, o carteiro, o homem do boteco, o dono da mercearia e um vizinho cheio da grana. Depois entra em depressão, envenena-se e morre. Fim.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O tal do Gopal

se eu fosse o tal do gopal
com sua hinduística mística
talvez fosse a vez
de singrar no teu mar

e se num átimo contíguo
redecifrasse a tua face
saberia como seria
o sabor desse labor

remoendo, compreendo
que tua ausência é presença
percebida numa ferida
que insiste em ser triste

se não fosse a pose
de eloquencia e inocência
que trago nesse peito suspeito, diria:
“ó, mágoa, desagua nestes olhos rasos d'água!”

Cristóvão Júnior é neófito nas letras, escritor incauto, e atrevido deveras, envia diariamente a um jornal local seus artigos chinfrins na esperança de vê-los publicados.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

MeViTeVendo

O quadro MeViTeVendo de hoje trás o ambiente interior percebido por este estóico escriba ao despontar desta manhã cinzenta e chuvosa: Uma miscelânea de Geraldo Carneiro com Macunaíma. De um lado a preocupação latente com a marginalidade literária e com a institucionalização da mentira no Brasil, levando a poesia a uma espécie de reserva ecológica da sinceridade. Do outro lado, “ai que preguiça!”

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ADeus

Aos que ficam, fica meu adeus. A Deus, fica a certeza do encontro. Quanto ao encontro, que eu me encontre primeiro.

Pra dizer adeus - Roberta Sá

Adeus
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinho.

Tão sozinho amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho.

Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer.

Vem
Eu só sei dizer
Vem nem que seja só
Pra dizer adeus.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Bastidores

Depois de deixar Bastidores de Chico Buarque no repeat durante toda semana passada, e, ainda, ter que conviver com essa cantiga no juízo durante o weekend, vim aqui para vomitar meus inebriamentos e pertubações. Não quero amaldiçoar o dia em que te conheci, nem tão pouco chorar até ficar com dó de mim. Quero apenas lançar um pouco de bálsamo numa ferida já cicatrizada.
Tal música me causa frisson, possui uma apelo cheio de desvarios, algo como cura e libertação. É minha música preferida na hora de entrar debaixo do chuveiro pela manhã. Depois duma preparação prévia, envolvendo respiração e concentração aprendido com ninjas yogui, entro debaixo d'água entoando as berros tal canção com toda a profusão e delírio, a fim de driblar sua gélida temperatura.
Chico Buarque é o cantor de alma feminina por excelência! Este é um dos que deve ter um pacto secreto com a Eternidade. O que seria a “pedra de toque” para atingir o alto grau da maturidade buarquiana?
Partindo da premissa de que há vida depois dos palcos, Chico vem produzindo bastante fora deles, nos bastidores. Uma prova disso é seu novo livro, Leite derramado, sucesso de venda e de crítica (posteriormente, os leitores deste Cunhão ficarão inteirados de seu teor).
A partir das produções deste ícone da nossa cultura, tanto literária quanto musical, vou traçar aqui um paralelo no que diz respeito à vida no seu aspecto oculto, bastidoricamente falando.
Viver nos bastidores: levar uma vida discreta, sóbria e consciente, realizando um trabalho silencioso, sem ao menos ser notado e sem se perceber.
Não sei o que acontece, pois as vezes me parece que os valores são tão transitórios, porém pungentes, que nos arrastam impiedosamente com as mais anêmicas efemeridades. Somos uns tolos!
É nos bastidores da vida que a ferida é aferida, para que se possa remediá-la da forma que convém. É nos bastidores da vida que a decisão importante é tomada, que a paz é encontrada, a insegurança afastada, a sexualidade canalizada, a libertação notada. É nos bastidores da vida que as inquietações são amenizadas para a partir daí surgir um novo homem, capaz de encarar com robustez o pensamento massificado e alienado das quiméricas seduções do ego. (Narcísio acha feio o que não é espelho).
No espetáculo da vida, o que escolher: A luz e o glamour dos holofotes ou a escuridão e o anonimato dos bastidores?
O cético arrogante e altaneiro bufa ao questionar: “Como ficar na história e deixar um legado para as futuras gerações levando uma vida de bastidores medíocre e sem graça como essa?”. Deu para perceber qual é o fio condutor do atual pensamento, pérfido e cheio de vaidades, que nos leva ao precipício ao toque de caixa, numa velocidade imperceptível, que só chega ao nosso perceber quando estamos exaustos e depressivos, pois se constata que a vida nem sempre nos aplaudirá, nem sempre teremos o sucesso almejado, que os nossos cd's não estão vendendo tanto assim. E o simples imaginar de que se está em decadência e fora da Brodway faz pôr em xeque a qualidade desta vida sob o brilho opaco de flash's e holofotes, sob ilusórios confetes, plumas e paetês, sob um falso glamour e requinte que dura apenas um breve instante, aquele décimo de segundo em que o ego é massageado e a sensação de objetivo alcançado é sentido entre os dedos num brevíssimo momento.
Pena que tudo se esvai, tal como a bruma da madrugada ao despontar do sol, para o descontentamento da turba.
Sinto na alma o desejo de bastidores. Claro que nem sempre é/foi assim. É por estar nesse momento ocultado por detrás do cenário que me vem essas clarevidências para serem partilhadas com os leitores que aqui se achegarem.
Não sou inconstante nas minhas definições. Sou constante nas minhas indefinições. Prefiro assim. A inconstância é grave falha. A indefinição é virtude rara.
Artur da Távola, envolto em seu manto de lucidez e empunhando o estandarte de sobriedade, afirma que quem define são aqueles que temem continuar pensando, por parecer mais fácil.
As vezes me percebo inconstante nas minhas definições, sempre tendo definições a cada passo, acreditando nelas, vivendo em contradições. Perceber-se assim já é bater em retirada e retomar o caminho de volta. Tudo é permitido, mas nem tudo convém.
Prefiro ser constante nas minhas indefinições. Que me seja dada a constância de não se intrometer no fluxo natural da vida, permanecendo aqui onde cá estou: na obscuridão dos bastidores e na indefinição.