sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Saga estóica

O novo vídeo da Cunhão Trincado Interprise, sob o título Saga estóica, apresenta a epopéica saga do Velho da Montanha nos tempos de outrora, quando ainda possuia a relutância peculiar e a resistência impávida. Sob a trilha sonora de Coldplay - Strawberry Swing, sigamos nosso herói nessa aventura de tirar o folêgo, e guardemos na lembrança o tempo em que ele podia realizar tamanhas proezas, porque hoje, em sua choupana, ele sequer dispõe de forças de ir até o mar pra ver o seu amor morrer na praia. Confiram!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Levitar

Descobri essa música ontem, e vi que ela trás um desejo bom de levitar e sair rasgando o céu, principalmente agora na iminência das férias. Oh, minha Teresina, dona de uma tarde que me arde, sonho com tuas noites serenas! Elevai-me bem mais alto, oh cidade verde, inebriado pelo dulçor da tua cajuína, conto os dias que faltam para findar esse exílio. Quando eu chegar na Frei Serafim, meu amor, acene pra mim!



Levitar - Circuladô de Fulô
Que amor é esse menina
Que voa mais alto feito balão num céu de anil
Pintado em noites de São João
Não vá me dizer oh criança
Que não sabe dançar essa dança
Nessa noite tão linda
Que jurei o meu amor
Passa o tempo que for
Vou ser teu amigo
Passa o tempo que for
Vou ser teu irmão
Será que é sonho ou realidade
Não sei não
Mas agora eu vou

Levitar, levitar
Vou voando te encontrar
Levitar, levitar
Nos meus sonhos vou te amar

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Será que os sentidos fazem sentido?

Quem já não foi arrebatado por alguma visão de tirar o fôlego? Ou ascendeu aos céus após sentir a fragrância nostálgica do grande amor? Quem não viajou no tempo e no espaço ao ouvir aquela música marcante, e por isso dilacerante? E o tempero da mamãe? E a maciez do velho lençol fininho?

O corpo, com seus segmentos sensoriais, assume papel indispensável no processo do conhecimento de si-próprio e da realidade ao redor, contrariando Descartes que dava ao pensar toda excelência, como se só o cogito bastasse.

A base do nosso conhecimento racional não é racional, já que começa através das sensações corporais.

É bem simples de entender: o corpo informa os dados dos objetos e sensações ao entendimento (cérebro). Assim, em vez da razão definir sozinha, ela se torna dependente das informações do corpo.

Nossas escolhas e atitudes são delineadas pelo que nos trará mais prazer, a partir de satisfações já experienciadas.

A porta de entrada dos prazeres são os sentidos. O tédio e o sofrimento surgem na ausência do prazer, ou quando não dispomos de meios para atingi-los. Suas raízes surgem quando a pessoa em si (ou fora de si) deseja repetir situações de prazer, mas se vê privada pela razão, compreendendo que uma escolha aqui ensejará numa merda acolá.

Já fiz muitas besteiras a mando e por desmandos do meu Eu-lírico. O meu Eu-lírico é dado aos prazeres desordenados que os sentidos proporcionam. Já o meu Eu-empírico, educado por Kant, é mais cauteloso; encontrando prazer na renuncia de circunstancias de prazer.

Que sentido tem os sentidos? Eles existem para que sejamos senhores, e não meros escravos deles. Nossos sentidos ficam pentelhado nosso querer na intensidade proporcional da inviabilidade, dificuldade, impossibilidade do objeto desejado. Como sair dessa “sinuca de bico”? Mas pra quê sair? Vá, deseje aquilo que trás sua satisfação. Deseje com moderação!

O sentido dos sentidos reside na VONTADE, essa força interior é sentida tanto no poder de certos desejos como na aptidão para dominá-los.

A vontade é o elemento fundamental que trás o sentido das coisas e do mundo. Schopenhauer ensina que é na união entre o corpo e o sentimento que está a essência metafísica elementar: a vontade de viver.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Êxtase, santidade, consumo e otras cositas más

Ao se aproximar o fim do ano, e com ele as suas festas, uma áurea angélica toma conta de todos nós. Ôpa, peraê! Pra cima de moir, não! Longe de mim cair na onda do “espírito natalino”.
O que na verdade me ocorre é um deslumbramento com a festa do Natal do Senhor. A Igreja, com sua tradição, nos insere numa caminhada chamada Advento. Nesse tempo de espera sinto-me observante e fundamentalista, propenso à anêmicas aspirações de santidade (uma pena ficar apenas em aspirações), mas consciente de que o simples desejo de amar já é amor.
Sim, sinto santos desejos de santidade. Santo é um amigo de Deus, aquele que faz a experiência do Amor. O êxtase que os santo prova lhe dá o respaldo necessário para falar aos demais, ainda que de forma imperfeita, o quão suave e agradável é viver nesse ÊXTASE. Os gregos já davam esse nome ao estado daquele que se transporta para fora de si, criando, assim, um vazio a ser ocupado por Apolo ou por Dionísio.
Não é preciso ser santo para experimentar, pelo menos em parte, a sensação do êxtase (sei lá, nunca fui santo, mas desconfio ser um chatice esse extasis beatifictus, uma coisa muito sem graça). No geral, todos tivemos momentos semelhantes, alcançados sob a influência do vinho, ou durante os instantes de grande alegria, ou no encantamento provocado pelo amor. Há pessoas que entram em êxtase quando estão nas compras, consumindo desenfreadamente, tudo em nome do bendito "espírito natalino" .
Perceba, vivemos em meio a desejos soltos. Estamos sempre desejando as coisas, queremos ser, queremos ter, desejamos isso, desejamos aquilo. Isso pode gerar uma patologia séria, cuidado! Na antiguidade, aquele que havia aprendido a controlar seus desejos era considerando santo. Hoje em dia muitos veriam nele uma pessoa conformada e sem ambição, como uma cabra (veja o semblante de uma cabra, não há ambição alguma).
É aqui onde queria chegar: aquele que se deixa levar por seus desejos não é um homem livre, nem tão pouco feliz, pelo simples fato de estar sempre insatisfeito. Numa visão epicurista, um homem feliz é aquele que aprendeu a não ser escravo de seus desejos. A relação com nossos próprios desejos é muito complexa. A insatisfação desses desejos pode gerar frustração e até dor.
Nesse fim de ano é prudente frear certos impulsos e dá vazão a outros. Faça sua escolha. Eu fiz a minha: ser cabra!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Paráfrase de Habacuque 3, 17-18

Embora a seca seque fontes e rios
E os campos fiquem esturricados
E o gado morra de sede e fome
E as queimadas devorem os pastos
E os machados transformem florestas verdes em desertos áridos
E os palácios estejam cheios de corruptos
A despeito disso minha alegria continuará a florir
E farei poemas diante do Impossível.

sábado, 7 de novembro de 2009

Na iminência de “nuvens negras” pousarem sobre minha cabeça, trazendo consigo as tempestades já dantes conhecidas, procuro abrigo nas linhas que um certo monge americano deixou escrito. Em Na liberdade da solidão, Thomas Merton diz que sempre existirão contradições na alma do homem. Entretanto, estas só se tornam um problema constante e sem solução quando preferimos a análise ao silêncio. Não nos cabe resolver todas as contradições, e sim viver com elas e nos elevarmos acima delas, e considerá-las à luz de valores externos e objetivos que, por comparação, as tornam triviais.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

a vida é uma vida só
a vida é uma ávida
a vida é uma ave
a vida é uma
só uma