segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Do elogio

Cena 1: Depois de encontrá-la pela terceira e já com a intimidade de abraçar, disse: “Como sua pele é macia”. Havia percebido aquilo antes mesmo de tocá-la. A moça fingiu não entender, e aí pairou a dúvida de repetir ou não o elogio, mas, sem medo de parecer um completo idiota, disse novamente. Ela então deslizou sua mão pelo braço e disse com desdém: “E é por que saí tão apressada de casa que nem passei hidratante”

Cena 2: Festa de aniversário de uma amiga, que, de tão bela num vestido florido, tive que pontuar: “Você tá linda, nota 10, parabéns pelo aniversário e pelo vestido”. Não foi preciso repetir o elogio dessa vez, ela ouviu em alto e bom som, bem como os demais presentes, mas a reação já era aquela esperada: “Vixe, esse vestido é antigo demais, relutei muito para usá-lo hoje”.

Cena 3: Antes da missa e, depois de um cordial cumprimento, disse: “Como seu cabelo fico lindo com esse novo corte”. Ela respondeu imediatamente: “Aff, ele tá sujo e eu nem escovei antes de vir pra cá”.

Que danado é isso? Por que mulher não sabe receber elogio? Tem sempre que dar uma explicação. Como se não o merecesse, e precisasse de uma justificativa para estar ou ser bonita. Como se procurasse algum detalhe que lhe diminuísse o valor. Ou então, é o contrário. Uma tentativa – inconsciente, talvez – de se valorizar. Como se dissesse: “Meus cabelos são bonitos mesmo sem escova”. “Meu vestido é antiquíssimo e eu fico linda nele”. “Eu nem passei hidratante, mas veja como sou macia”. Não sei o que é pior.

As pessoas elogiam por vários motivos. Para lisonjear. Por interesse. Porque têm a expectativa do agradecimento – querem atenção, então dão atenção. Ou para registrar uma opinião ou impressão. Eu elogio porque acho a coisa ou a atitude bonita, e penso que a pessoa gostará de saber disso. Simples assim. Coisa mais feia recusar elogio.

Cena 4. Tirei o cartão do bolso, ia pagar minhas compras. A moça do caixa usava um anel que era luxo só. Grudei os olhos nele, suspirei… e pedi: “Débito, por favor.”

2 comentários:

Unknown disse...

Meu amigo querido, essa eu não posso deixar de replicar (rs):

A moça da cena 2 sou eu. E não foi da forma citada que reagi ao elogio. O vestido era novo, lindo e eu sabia que estava especialmente bela (rs)! Agradeci seu elogio e sorri.

Em muitas outras oportunidas tive a reação que você falou, mas dessa vez não! Estou aprendendo.

Beijo bem grande para você. Eu te adoro!

Anônimo disse...

ENGRAÇADO..!
JA TINHA OUVIDO SOBRE TAIS CENAS.

Qual é o problema de aceitarmos de bom grado o elogio? Por que não dizer muito obrigado e ficarmos felizes por alguém nos elogiar, o que na verdade é um reconhecimento do outro acerca de algo que já sabemos? E se não sabemos, qual é o problema de reconhecermos este elogio como uma valorização externa de nós mesmos?
Aceitar de bom grado um elogio e agradecê-lo sem se desmerecer é um indicador de boa auto estima e nada tem a ver com a questão da modéstia. Aquele que sabe de seu valor e de suas qualidades, ao agradecer um elogio, age de forma natural, sem afetação, sem nenhuma intenção de falsa modéstia ou mesmo de vaidade. E o seu ego fica feliz!
Elogiar é sempre bom e ajuda a fazer amigos e estreitar laços tanto de amizade, de amor ou de trabalho (desde que sejam elogios reais) e receber de bom grado o elogio colabora para melhorar a auto estima e para o auto conhecimento!
Em suma, elogiar e ser elogiado faz muito bem para todo mundo!!

Eiiiiiii Meu Bem!
Você já fez um elogio hoje?