“Associação de dois seres vivos, na qual há benefícios recíprocos; vida em comum”(dicionário Silveira Bueno)
Simbiose, palavra corrente nos balbuciares de geneticistas, biólogos, farmacêuticos, quando estão com aqueles vidrinhos laboratoriais, com toda sorte de soluções químicas, fazendo os mais inauditos experimentos malucos, com a recôndita pretensão de descobrir a fórmula secreta que o faça detentor do maior segredo do mundo, para que assim possa dar os primeiro passos na dominação do planeta.
Deixando as “viagens” de lado, a simbiose pode ser compreendida através do exemplo clássico das mitocôndrias. Há quem diga que elas não existam, coitadas! O fato é que essas danadas moram dentro das células eucarióticas sem pagar aluguel, numa estreita relação de dependência, onde uma não viveria sem a outra. Ora, para a mitocôndria não é só sossego não, de um lado ela tem na célula um ambiente quentinho e seguro para seu desenvolvimento, mas, em contrapartida, se responsabiliza pelo fornecimento de energia para sua hospedeira.
Vamos lá, pensemos em duas coisas magneticamente opostas, que não tem nada a ver, mas que sempre se atraem... puf...eis alguns exemplos: cocó e trança, dedinho do pé e canto de móvel, jato de mijo e tampa de vaso, nariz e dedo, leite fervendo e fogão limpo, café e toalha branca, tornozelo e pedal de bicicleta...
Quero, com toda essa baboseira, levar o leitor a matutar acerca do “quem” ou “o quê” encerra o seu ciclo simbiótico pessoal, quem/o que seria a outra metade, aquilo que mantem um laço de dependência vital, sem o qual não sobreviveria?
Chacoalhando a pitomba existencial e metafísica na boca, examinando minha relação simbiótica, acabo descobrindo muitas, milhares delas (sic), uma espécie de colcha de retalhos (patchwork) se desvela diante de mim, num turbilhão de lembranças que insiste em espancar minha face aqui e afagar acolá, levando-me a concluir que há muitas coisas que estão intimimente ligadas a mim, que não solto nem por 100 e uma fanta. Tudo isso sou eu, ou seja, eu sou minha vida, não há como ficar no singular. Passo a listar alguns insight's* del fuego:
Quero, com toda essa baboseira, levar o leitor a matutar acerca do “quem” ou “o quê” encerra o seu ciclo simbiótico pessoal, quem/o que seria a outra metade, aquilo que mantem um laço de dependência vital, sem o qual não sobreviveria?
Chacoalhando a pitomba existencial e metafísica na boca, examinando minha relação simbiótica, acabo descobrindo muitas, milhares delas (sic), uma espécie de colcha de retalhos (patchwork) se desvela diante de mim, num turbilhão de lembranças que insiste em espancar minha face aqui e afagar acolá, levando-me a concluir que há muitas coisas que estão intimimente ligadas a mim, que não solto nem por 100 e uma fanta. Tudo isso sou eu, ou seja, eu sou minha vida, não há como ficar no singular. Passo a listar alguns insight's* del fuego:
Ventinho que sai do motor do liquidificador
Baladeira
Futebol na chuva
Roubar vela do cemitério em dia de finados
Lamber restinho da massa de bolo que fica na batedeira
Cheiro da prova rodada no extensil
Fazer aviões de papel
Pêra, uva, maçã ou salada mista combinado
Caldo de cana com pastel
Apagar vela de aniversário antes do aniversariante
Monte Sinai
Capitães de Areia, de Jorge Amado
Sonata ao luar, de Beethoven
Reconciliação na chuva
Colecionar coisas sem futuro
Padre Jorge
Vitamina de beterraba
Fogo vermelho do fogão a lenha
Relâmpagos silenciosos numa casa sem energia
Gato preto de porcelana esguio com olhos de botão
Dançar quadrilha
Mordida em jambo maduro
Ordem dos Frades Menores
Mazurka, opera 39 de Tchaikovsky
Fazer “aviãozinho” no terraço todo ensaboado
Cabelo grande, numa rebeldia sem causa aparente
CEFET-PI
Catuaba Guaracy
Percorrer uma fileiras de lençóis brancos lavados e estendidos
Virgília Pascal de 2005
Não vá embora, da Marisa Monte
Cheiro do Pinho Sol tradicional
Andar a cavalo
Ping-pong
Santas Missões Populares
Punhal prateado encontrado no quintal da vovó
Giraya, Jaspion e Changeman
Beijos recebidos no olho depois que seu Cristóvão tomava uma
Natação no clube da Cepisa
A lista de Schindler
Ascensão para a Verdade, de Thomas Merton
Ploc Monster
Noticia do Chupa-Cabra no Fantástico
E por ai vai. A vida, como a roda gigante, tem seus altos e baixos.
Partilhei os altos, os picos, os cimos, na esperança de suscitar em ti a confecção da tua própria lista.
Tudo isto ainda pulsa dentro deste incauto escriba envelhecido em barris de bálsamo. Tudo é vivo. Tudo é claro. Tudo é nítido como ontem. Não seria quem sou sem tais experiência, e estas não seria tão intensas se não acontecessem comigo.
A confluência de muitas simbioses vem desaguar em mim, trazendo lucidez e contradições, trazendo o auto-conhecimento. Todos tem suas simbioses, sejam elas objetos/lembranças/pessoas. Não concordo quando o intemperado Jean-Paul Sartre cochichava no ouvido de sua Simone dizendo que “o inferno são os outros”. Não aqueles “outros” do Lost. Falo dos nossos muitos outros, gente que entrou/saiu, mas permaneceu/permanece, presentes presente na vida.
Vida. Mais vida. Uma vida dentro de outra vida. Somos nossa vida. E quando vejo que a vida espera mais de mim, mais além, vejo que o aprendizado é o próprio fim. Há fim? Será fim? Enfim, no zigue-zaguear da vida, entre decadências e elegâncias, vou aceitando o caos nosso de cada dia.
*A psicologia explica que são os momentos em que uma pessoa se torna lúcida e capaz de entender seus problemas e finalmente encontra a solução para os mesmos!