segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Será que os sentidos fazem sentido?

Quem já não foi arrebatado por alguma visão de tirar o fôlego? Ou ascendeu aos céus após sentir a fragrância nostálgica do grande amor? Quem não viajou no tempo e no espaço ao ouvir aquela música marcante, e por isso dilacerante? E o tempero da mamãe? E a maciez do velho lençol fininho?

O corpo, com seus segmentos sensoriais, assume papel indispensável no processo do conhecimento de si-próprio e da realidade ao redor, contrariando Descartes que dava ao pensar toda excelência, como se só o cogito bastasse.

A base do nosso conhecimento racional não é racional, já que começa através das sensações corporais.

É bem simples de entender: o corpo informa os dados dos objetos e sensações ao entendimento (cérebro). Assim, em vez da razão definir sozinha, ela se torna dependente das informações do corpo.

Nossas escolhas e atitudes são delineadas pelo que nos trará mais prazer, a partir de satisfações já experienciadas.

A porta de entrada dos prazeres são os sentidos. O tédio e o sofrimento surgem na ausência do prazer, ou quando não dispomos de meios para atingi-los. Suas raízes surgem quando a pessoa em si (ou fora de si) deseja repetir situações de prazer, mas se vê privada pela razão, compreendendo que uma escolha aqui ensejará numa merda acolá.

Já fiz muitas besteiras a mando e por desmandos do meu Eu-lírico. O meu Eu-lírico é dado aos prazeres desordenados que os sentidos proporcionam. Já o meu Eu-empírico, educado por Kant, é mais cauteloso; encontrando prazer na renuncia de circunstancias de prazer.

Que sentido tem os sentidos? Eles existem para que sejamos senhores, e não meros escravos deles. Nossos sentidos ficam pentelhado nosso querer na intensidade proporcional da inviabilidade, dificuldade, impossibilidade do objeto desejado. Como sair dessa “sinuca de bico”? Mas pra quê sair? Vá, deseje aquilo que trás sua satisfação. Deseje com moderação!

O sentido dos sentidos reside na VONTADE, essa força interior é sentida tanto no poder de certos desejos como na aptidão para dominá-los.

A vontade é o elemento fundamental que trás o sentido das coisas e do mundo. Schopenhauer ensina que é na união entre o corpo e o sentimento que está a essência metafísica elementar: a vontade de viver.

2 comentários:

Leleo bolado disse...

Gênio. Talvez o melhor texto de todos... soube sintetizar bem as ansias de quem tem lembranças e que estas nos fazem tao bem, momento de nostalgia com a dialetica existencial, um choque de antítese que enriquece o texto e nos faz pensar o quao grande eh valiosa o bem vida! Sentido para os sentidos a gente observa a medida que o tempo e a vida vao nos mostrar que o caminho certo eh viver... Parabens pelo texto... com um tradicional rs no final. Rs

´Ruthynha disse...

Olá..sou Ruth,amiga do LEONARDO,teu irmão..ele me indicou teu blog pra dar uma olhada e eu amei..estou profundamente emocionada com este post sobre os sentidos...que lindo...vc escreve muito bem,meus parabéns..adorei esta parte>> Quem não viajou no tempo e no espaço ao ouvir aquela música marcante, e por isso dilacerante?..acho que foi o que mais mexeu comigo...pq amo música...e gosto de senti-la totalmente..me jogar sabe??rsrsrsrs...Um super abraço..agora você ganhou uma leitora..bjão..